INTRODUÇÃO:
A ação educacional nos termos atuais tenta fugir daquela “antiga” ideia de acumulo de informações, esforço repetitivo para construção dos saberes, indo à busca da formação do ser que ensina e aprende a pensar; que ensina e aprende a resolver problemas; e ensina e aprende a trabalhar em grupo. Com essa objetividade é importante definir em qual base iremos construir o saber, aqui urge em meio a tantas vozes que gritam na sociedade contemporânea, tomar por pressupostos uma visão cristã direcionada a compreender uma cosmovisão que se infere a partir da Palavra de Deus, a saber: direcionamento, incapacidade de neutralidade e objetividade na ação.
DEFINIÇÃO DO TERMO COSMOVISÃO:
A cosmovisão são as lentes pelas quais nós vemos o mundo. Esse conceito é impregnado de pressupostos que ao longo do desenvolvimento do ser, vão se aglutinando e criando um modelo de vida em comportamentos e crenças. Embora a cosmovisão modele de forma genérica a sociedade ou grupo social que vivemos, ela tem suas implicações mais profundas na pessoalidade, ou seja, a cosmovisão pessoal tem várias funções importantes que segundo o antropólogo Paul G. Hilbert (2010), implica em:
Primeiro, nossa cosmovisão nos dá os fundamentos cognitivos sobre os quais construímos nossos sistemas de explicação, fornecendo justificativa racional para a crença nesses sistemas.
Segundo, nossa cosmovisão nos dá segurança emocional.
Terceiro, nossa visão de mundo legitima nossas normas culturais.
Quarto, nossa cosmovisão integra nossa cultura.
Quinto, nossa cosmovisão nos ajuda selecionar (ideias), aquelas que se ajustam a nossa cultura e a rejeitar as que não o fazem [1].
Porém não há como não sentir o impacto da formação de uma cosmovisão cristã dentro do espaço educacional confessional, o que seria no mínimo estranho, sua ausência e ou negação, já adiantando, esbarraria na incapacidade da neutralização.
A EDUCAÇÃO NÃO É NEUTRA:
Dentro de um aspecto funcional toda a ação educacional é orientada por pressupostos que direcionam desde a escolha de currículo, até a apresentação dos conteúdos em sala de aula, negar essa funcionalidade seria lutar contra uma força maior que o próprio fundamento básico do indivíduo, a saber, sua cosmovisão. Sendo esse profissional cristão ou ateu seria por demais, longe da realidade, dizer que suas crenças não afetariam sua exposição, não negamos o que cremos, ao contrário, afirmamos isso pela própria raiz de pressuposições já incutidas em nossa formação, a laicidade não exerce poder suficiente para neutralizar de forma total a crença, a realidade é tão clara que Mauro Meister cita em seu artigo “Cosmovisão: Do Conceito a Prática na Escola Cristão”, (BORGES, 2008, p. 41):
A pressuposta neutralidade do ensino laico não passa de uma ilusão. Não há pessoa neutra e, por consequência, educador neutro. Ser professor significa “professar” uma visão de mundo [2].
O que se infere é uma conclusão lógica; cada professor será orientado por sua maneira de ver o mundo, sendo que a incapacidade da neutralidade na ação educacional não passa de mera ilusão e ou “cobertura” para uma exposição disfarçada de seus pressupostos em sala de aula.
VANTAGENS DE UMA EDUCAÇÃO CONFESSIONAL TEORREFERENTE:
A intencionalidade da ação educacional é a formação do ser, ou seja, deseja-se formar um cidadão ativo, pensante e apto para a crítica das ideologias presente na sociedade atual, para tanto, a educação cristã confessional se alinha a Palavra de Deus para formar alunos com pressupostos cristãos bem arraigados tendo por principal alvo uma educação Teorreferente [3]. A partir de então, e lançando mão da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no artigo 20, III: “Confessionais, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas que atendem a orientação confessional e ideologia específicas e ao disposto no inciso anterior”, podemos pensar e criar uma ação educacional que leve em consideração o que diz a Palavra de Deus: “Lâmpada para meus pés […] e luz para meu caminho [4]”, assim uma ação educativa pautada pelos princípios norteadores da fé cristã, mostra-se em muitos detalhes, eficientemente capaz de “gerar” cidadãos conscientes de sua missão no mundo, ou seja, a obediência com coerência ao mandato cultural da Palavra.
CONCLUSÃO:
Podemos observar que a ação educacional voltada para formação de cidadão que sirvam suas comunidades, com aspirações teorreferente, é na medida mais real, uma solução ao cumprimento da ordem do mantado cultural biblicamente compreendido.
BIBLIOGRAFIA:
HILBERT, Paul G. O evangelho e a diversidade das culturas. São Paulo: Vida Nova, 2010.
BORGES, Inez Augusto. Confessionalidade e construção ética na universidade. São Paulo: Editora Mackenzie, 2008.
GOMES, Davi Charles. A metapsicologia vantiliana: uma incursão preliminar. In: Fides Reformata XI:1, 2006.
SAGRADA, Bíblia; Salmos 119.105. Almeida Revista e Corrigida, Rio de Janeiro: Editora CPAD 1995.
MEISTER, Mauro. Cosmovisão: Do Conceito a Prática na Escola
Cristã. In: Fides Reformata XIII, Nº 2, 2008.
[1] Paul G. Hilbert, O evangelho e a diversidade das culturas (São Paulo: Vida Nova, 2010 p. 48-49).
[2] BORGES, Inez Augusto. Confessionalidade e construção ética na universidade. São Paulo: Editora Mackenzie, 2008, p. 41.
[3] O termo teorreferente foi criado pelo Dr. Davi Charles Gomes para descrever essa propriedade existente em toda a criação, rejeitando “‘uma noção escolástica que pressupõe fatos brutos referidos a posteriori pelo sujeito’ e ao mesmo tempo enfatiza[ndo] adequadamente que os fatos não só se referem indiretamente a Deus como ponto de transcendência epistêmica, mas, mais que isso, revelam a Deus em última instância.” GOMES, Davi Charles. A metapsicologia vantiliana: uma incursão preliminar. In: Fides Reformata XI:1 (2006), p. 116, nota 14.
[4] SAGRADA, Bíblia; Salmos 119.105. Almeida Revista e Corrigida, 1995.