Quando nos propomos a pregar de forma ‘Cristocêntrica’, temos que ter em mente o que o apóstolo Paulo fala em 1 Coríntios 1.23 e 24 : “Mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos. Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus”.Paulo sabia que o objeto de sua pregação era a cruz de Cristo, na qual todos encontram a graça, e era o que fazia de boa mente anunciando o Evangelho.
Chales Spurgeon diz: “Prega Cristo, sempre e em todo lugar. Ele é o evangelho todo. Sua pessoa, seu ofício e sua obra deve ser nosso tema único que a tudo abarca”. (Grifo nosso).
Se nossa mensagem não for cheia da presença de Cristo, algo pode estar muito errado com nosso sermão. Não pode haver outro objetivo maior do que trazer aos corações dos ouvintes a preciosidade do conhecimento de Jesus Cristo. Podemos pregar partindo de qualquer parte da Bíblia, Antigo ou Novo Testamento, mas, o sermão deve guiar os corações a Cristo, Ele é o Emanuel onde se cumpre as promessas do antigo testamento e a firme Rocha na qual a igreja está alicerçada.
Uma mensagem sem Cristo não serve para atender a grande comissão da igreja: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. (Marcos 16:15), “E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim”. (Mateus 24:14), “E ali pregavam o evangelho”. (Atos 14:7) e “Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho!”. (1 Coríntios 9:16).
1) EVANGELHO: BOAS NOVAS
Essas (Boas Novas) por sua vez, são as notícias sobre a vinda do messias, Jesus Cristo. João Calvino em Comentários de João 5:39 diz: “Devemos ler as Escrituras com propósito expresso de encontrar Cristo nelas. Aquele que se desviar desse objetivo, embora possa se afadigar a vida inteira no aprendizado, jamais alcançará o conhecimento da verdade, pois que sabedoria podemos obter sem a sabedoria de Deus?”.
Então como podemos por em prática o sermão Cristocêntrico?
Podemos iniciar fazendo perguntas básicas que propõem aguçar nosso entendimento com respeito a Cristo e o texto.
1.1) Primeira pergunta:
“O que essa passagem significa à luz de Jesus Cristo?”.
1.2) Segunda pergunta:
“O que esta passagem revela sobre Jesus Cristo”.
2) A VIDA, A OBRA OU O ENSINO DE JESUS PRESENTE NO SERMÃO
Com visão nesses três aspectos do ministério de Cristo podemos trilhar caminhos que levarão nosso sermão a Cristo centralidade. Iremos dividir os pontos e estabelecer práticas textuais para modelar nossa ação na tarefa de conduzir o sermão a Cristo:
2.1) A vida de Jesus:
A partir de um determinado texto procuraremos indícios sobre a vida do messias. Dentro dessa visão o que queremos encontrar são os aspectos que indicarão o que pode ser analisado na vida de Jesus, seu exemplo, suas ações e hábitos comuns que identificam sua pessoalidade e seu amor para com as pessoas.
Identificar esse Jesus pessoal é muito importante para a compreensão do seu ministério. Em Deuteronômio 18:15 Moisés diz: “O Senhor teu Deus te levantará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele ouvireis;”, a vida de Jesus foi como a vida de qualquer outra pessoa, Ele padeceu as mesmas dores e viveu os mesmos dilemas da humanidade, por isso o escritor aos Hebreus diz: “Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado”. (Hebreus 4:15). Sua vida revelou Deus o Pai – “Ninguém jamais viu a Deus” (Jo 1:18) – mas a pessoa de Jesus Cristo, o Filho unigênito de Deus, é o clímax da revelação de Deus sobre si mesmo.
Em Jesus vemos Deus. Ele tornou Deus conhecido a nós. Principalmente quando pregamos a partir do Antigo Testamento ligar esse sermão com alguma faceta da pessoa de Cristo, trará Cristo centralidade, a nossa mensagem.
Ex: José e seus irmão X Cristo e Israel.
2.2) A obra de Jesus:
Ao pregarmos Cristo, podemos também focalizar alguma faceta da sua obra. O evangelista João diz que os “sinais” (obras) que ele fez é: “Para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome”. (João 20:31). Jesus curou os enfermos, expulsou espíritos malignos, ressuscitou os mortos e exerceu poder sobre a natureza, mas a sua maior obra foi reconciliar-nos com Deus (expiação), mediante a seu sofrimento e sua morte na Cruz.
Podemos também focalizar suas obras (curas e milagres), como sinais da presença de seu Reino, sua ressureição (vitória sobre a morte), sua ascensão (o Rei entronizado) e sua volta (o Reino vindouro).
Quando partimos de um texto do Antigo Testamento, podemos muitas vezes ligar a mensagem do texto à obra redentora do Salvador e ao Reinado justo de nosso Senhor.
Ex: Isaque X Jesus.
2.3) O ensino de Jesus:
A importância de utilizar o ensino de Jesus em nossos sermões, vem à toma com a própria declaração de Jesus: “Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (João 8:31 e 32). A importância crucial do ensino de Jesus aparece especialmente na ordem aos discípulos: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém”. (Mateus 28:19 e 20).
O ensino de Jesus é um componente indispensável à pregação – principalmente se o texto for do Antigo Testamento – porque o antigo testamento era a Bíblia que Jesus usava e Ele baseou todo seu ensino nele.
O ensino de Jesus Cristo incluía não apenas ensino sobre Ele mesmo (Filho do Homem, Messias), sua missão e sua volta, como também ensinos sobre Deus, o Reino de Deus, a Aliança de Deus, a Lei de Deus.
Ex: Elias no monte Carmelo X Jesus e os dois senhores
Bibliografia:
GREIDANUS, Sidney: Pregando a Cristo a partir do Antigo Testamento, 1º Edição, Editora Cultura Cristã – SP.
Bíblia Sagrada: Almeida Revista e Corrigida, edição 2001 da Sociedade Bíblica do Brasil.